Oi vô!!
Sabe aquele curso que eu queria muito fazer? Pois é, foi adiado para hoje... foi ótimo, adorei! Providencial ser hoje, afinal tive com o que me distrair! Seria muito difícil ficar em casa...
Naquele momento, há dez anos, sabia que tudo dali para frente seria diferente.
De todos os seus netos, eu fui a mais sortuda, tive mais tempo com você, esta é a vantagem de ser a mais velha.
Várias coisas marcaram minha vida: seu cuidado com a vó (isso eu descobri com o Paulo e como é bom né ter alguém que ama e se preocupa com a gente), outra coisa era seu jantar pontual às 18h, afinal depois disso era 'perigoso'... os fins de tarde na varandinha, esperando o sol 'cravar'!! Ahh sabe as suas cadeiras azuis? Estão na casa fofa da Elinha, têm lugar de honra na sala dela.
Muitas coisas aconteceram depois que você partiu, muita gente nova chegou na família: a Elinha, teve a Melody e o Felipe, a Dilinha teve o Kauan, o Frain teve o Joshua e a Carol, o Enzo.
Ahh você ia ficar tão feliz se pudesse presenciar estes momentos conosco!!!
Estamos todos bem! Cada um de sua maneira, conseguiu seguir sua vida.
A minha mudou muito e eu sei que tive ajuda sua.
A vó que ficou bem tristinha depois que você se foi, mas agora sei que ela já te reencontrou, ou ainda vai, depende da forma que se acredita né.
Outras coisas não mudaram, principalmente aquela que tanto te entristecia...
É vô! Tem coisas que não mudam e a gente por aqui, continua sem entender, mas sei que você já sabe o porquê que é assim.
A diferença de antes para agora, é que eu e minhas irmãs, não temos mais o seu olhar doce, cúmplice e cheio de amor!!
Afinal, somos e sempre fomos as únicas vítimas né...
Tem uma coisa que você disse pra vó, na última vez que nos vimos e que ela só me contou alguns anos depois. Era verdade, você me conhecia tão bem né!! Você percebeu, você sabia!
Quero te dizer que sofri muito com sua partida, acredita que precisei fazer terapia com uma psiquiatra? É verdade!!
Mas agora estou bem, o jeito de pensar com relação à morte mudou. Encaro de uma forma diferente. Sem a agonia de não querer que aconteça. Com sua partida, aprendi que é algo que não tem como controlar, pois cada um tem seu tempo por aqui.
... Eu sei que um dia a gente vai se encontrar de novo.
Meu avô, meu pai, me deu amor e carinho como ninguém mais!
* Às 18h do dia 18/05/2003, meu avô partiu, nem o tempo me fez acostumar com a ausência dele.